quarta-feira, 4 de março de 2015

Arte não é coisa séria!


Certa vez, ouvi, e não de maneira certa, que arte não é coisa séria. Mas, o que é coisa séria? Quando ouvi que arte não é coisa séria, ouvi outras frases, como: arte não é coisa para trabalhar, ter emprego fixo, retorno financeiro. Trabalho sério é ser doutor, advogado, executivo... A Arte é subjetiva demais para se traduzir no sistema capitalista.

Certa vez, mais tarde, ouvi dizer, as crianças precisam aprender brincando, a arte é o coração do aprendizado. Mas, e o doutor, o advogado e o executivo...? Qual o coração do aprendizado deles? São os cálculos, as leis, as máquinas? Acho que pode ser. Eles certamente não ligavam para a tal matéria chamada Artes. Pra quê? É desenho e ponto? Um ponto são infinitas retas paralelas. A matemática, mesmo lógica, também tem traduções subjetivas. 

Certa vez, a alguns minutos atrás, ouvi o pensamento perguntar: Os cálculos, as leis, as máquinas, com quem estes dialogam? Com os doutores, advogados e executivos? E com que os doutores, advogados e executivos dialogam? Quase nunca, mas com pessoas também.

Certa vez, o pensamento gritou: eu disse que a arte era um coração bom, generoso, que quer aprender e ensinar, um coração de infinitas possibilidades. Mas, é um pensamento que leva tempo, paciência para sentir esse coração pulsar, para escutar o coração e deixar-se descobrir. Descobrir as cores, as formas, os aromas, o interior do interior, o externo, a vida. 

Certa vez, quase agora, quero afirmar, arte sim é coisa séria! Séria para ter coragem de construir e desconstruir, de inovar. A arte bota a cara no mundo sem saber as respostas que o mundo vai dar. A arte é subjetiva, tem muitos pés e mãos. Subjetivo é visualizar a arte como movimento, dança, teatro, cinema, música, comunicação... E Comunicação o que é esse trabalho? É subjetivo também?

Certa vez, há quase 4 anos, ouvi dizer que comunicação também não é trabalho sério, é muita loucura... É coisa de quem não sabe o que fazer e cai de paraquedas na universidade com muita moda e revolta. Revolta? É, uma vontade de revolucionar alguma coisa sem descobrir, muitas vezes, o nome da tal revolução.  Pois bem, revolução, arte e comunicação se relacionam e se entrelaçam quase sempre. Juntos, fazem grandes desfiles na avenida do mundo. A subjetividade encorpa tudo, são os campos de ideias que ganham vida nos atos de arte.

Certa vez, há quase 1 segundo, refleti: arte, independente do estudo, que é necessário e fundamental, pede passagem e a cada dia se mostra, em um ateliê, em cada história nova e retro lançada e escondida por aí. 

Certa vez, cansada de dizer certa vez, arte é identidade, autonomia, e inclusive está nos cálculos, nas leis, nas máquinas... Hoje, o mundo cansado e com preguiça de sentir precisa desse bem, mas não sente que deve se entregar por medo de não saber enxergar. Enxergar o mundo e suas diversas possibilidades.

Destarte, stop! Um surto do rato... Não existe esse negócio de coisa séria, coisa errada ou coisa certa. Existem coisas que em seus momentos se reinventam e, de fato não morrem, envelhecem, rejuvenesce, ganham muitos signos e sigmas por aí. Pois bem, certa vez, pode ser a vez certa.